INTRODUÇÃO
A prática de confinamento de peixes se
desenvolveu na China e Japão entre 970 a 1279 DC. No século 17 chegou
na Europa, no século 19 na América do Norte e especificadamente no final
do século 19 chegou no Brasil (FAO 2000).
A aquariofilia, movimenta cerca de
três bilhões de dólares por ano (FAO 2000), um dos espécimes cultivados é
a Ciprinus carpio ou Carpa (nome popular), animal que possui alta
capacidade para suportar variação de temperaturas, entre 2oC a 34oC, e
podem ser criadas em todo território nacional
São animais pacíficos, que convivem
bem em cardumes e ou em interação com humanos, o que os torna apreciados
por aquaristas e por consumidores de sua carne. A Carpa capim e carpa
cabeçuda são alguns exemplares de peixes que são criados para consumo
humano.
Nos sistemas de criação, uma das doenças que tem ocorrido com certa frequência é a Viremia Primaveril.
Dentro desta perspectiva se torna
fundamental o levantamento de dados referentes à possíveis doênças que
possam acometer a saúde destes animais, para que possamos como Médicos
Veterinários traçarmos padrões de aparecimento e manifestações buscando
tratamentos efetivos e sucesso no nosso trabalho!
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
A Viremia Primaveril da Carpa (VPC) é
causada pelo Rhabdovirus carpio (Yanong, 2007), pode induzir uma rápida
hemorragia aguda, tem alto poder de mortalidade e morbidade,
principalmente em peixes juvenis, acomete diversas espécies de carpas e
outras espécies.
A doença causada pelo Rhabdovirus foi
relatada pela primeira vez na China, o nome de Viremia Primaveril da
Carpa (VPC), é dado, pois os sinais clínicos começam a surgir no inicio
da primavera, devido os animais estarem imunologicamente debilitados
pela baixa temperatura da água no inverno, e ao início da primavera a
temperatura da água aumenta, a doença ocorre temperatura em torno18oC
(Mabília, 2009)
O vírus pode sobreviver fora do
hospedeiro na natureza por 5 semanas a 10oC, em lagoas com deposição de
sedimento (lama) pode sobreviver por 6 semanas a 4oC e 4 semanas a 10oC,
aves que comem peixes podem ser vetores da doença.
O vírus pode ser inativado se mantido
em pH 12 por 10 minutos, pH 3 ou por 3 horas, por 30 minutos 60oC.
Alguns desinfetantes que podem ser eficientes na inativação do vírus
são: fomalina 3% por 5 minutos, hidróxico de sódio a 2% por 10 minutos,
540 mg. de cloro em um litro de água por 20 minutos (OIE), irradiação
U.V. (254 nm) e irradiação gamma (103 krads). (ISUCVM, 2010)
Uma das formas de acesso do vírus ao
hospedeiro é através das brânquias, e posteriormente o mesmo se propaga
rapidamente atingindo o fígado, os rins, o baço e as brânquias. O
cérebro apresenta menor presença de vírus e o animal infectado pode
propagar a virose através da urina, das fezes, do muco branquial e
exudatos de bolhas formadas na pele (OIE, 2010). Normalmente a
transmissão é de forma horizontal, porém ela pode ser de forma vertical,
uma vez que o vírus é encontrado em fluido ovariano.
Vetores qual se deve tomar cuidado
são: o piolho d água (Argulus sp.) e Sanguessuga (Piscicola Sp.), pois,
ao se alimentarem do sangue de um animal infectado, se tormam portadores
do vírus, mas não apresentam a doença, ao parasitarem um animal sadio
transmitirão o Rhabdovirus carpio.
Os indícios característicos da VPC
são, ascite abdominal (hidropisia acúmulo de serosidade – Figura 3),
úlceras em pele (Figura 1 e Figura 2), lesões em nadadeiras (Figura 4),
escamas arrepiadas (eriçadas), natação lenta e com dificuldade (Mabília,
2009), alem de outros sinais citados por Yanong (2006) como: perda de
sangue por cavidade anal, guelras, pele e olhos.
Figura 1 Animal apresentando úlceras na pele - Arquivo próprio |
Figura 2 Animal apresentando úlceras na pele - Arquivo próprio |
Normalmente os
peixes infectados ficam próximos de uma zona de oxigenação no lago (na
entrada da água, queda de cascata). (Yanong, 2006)
Os sinais clínicos de infecção
secundária por bactérias, preferencialmente Aeromonas (A. salmonicida)
ou (A. hydrophila) podem dificultar ou sobressair o correto diagnóstico
(Petty, 2010).
A ingestão de um animal contaminado
por Aeromonas hydrophila (alto poder de infecção), por um homem que
esteja com debilidade no seu sistema imunológico pode levar a morte.
(Vieira et al, 2004)
DISCUSSÃO
Com o crescimento da aquariofilia,
surge a necessidade do medico veterinário, responsável tanto pelo
processo de produção, como e pela qualidade do produto para o consumo
final, podendo trabalhar em toda a cadeia produtiva, desde a orientação
de qual espécie é melhor para determinada região, até no processamento
do produto, focando principalmente as questões sanitárias e prezando e
preservando sempre a saúde da população. (Gregolin, 2009)
O Ministério da Pesca e Aqüicultura
criado pelo governo, planeja instituir novos projetos para o aumento da
produção de pescados, com maior controle sanitário, gerando aumento da
arrecadação e maior profissionalização do setor.
Um grande problema ainda enfrentado no
setor é a falta de profissionais capacitados para o desenvolvimento da
atividade, problema enfrentado em todos os níveis hierarquicos,
prejudicando o incremento da produção. (Albinati,2007)
Embora haja espaço nesse emergente mercado de trabalho, o setor carece de profissionais capacitados para atuarem de forma a permitir a sustentabilidade do setor. (Albinati, 2007)
Mabília (2009) afirmou que o vírus
causador da Viremia Primaveril, se multiplica em tecido renal e
endotélio capilar, causando um desequilíbrio iônico, que pode levar os
animais a morte. Todo invíduo infectado se torna um reservatório do
vírus pelo resto da vida, por isso, quando comprovada, a doença, é de
notificação obrigatória no MAPA e todo o lote terá de ser exterminado
Os sinais clínicos de infecção
secundária por bactérias, preferencialmente Aeromonas (A. salmonicida)
ou (A. hydrophila) podem dificultar ou sobressair o correto diagnóstico
(Petty, 2010).
A ingestão de um animal contaminado
por Aeromonas hydrophila (alto poder de infecção), por um homem que
esteja com debilidade no seu sistema imunológico pode levar a morte.
(Vieira et al, 2004)
A prevenção é sem dúvida alguma a
melhor forma de controle da doença, para isso é importante manter boas
práticas de higiene, como, ter um destino adequado para água de
descarte, desinfecção de equipamentos utilizados na criação, desinfecção
regular de lagos e lagoas, manejo adequado que diminua o estresse por
manipulação, no inverno diminuir o volume de animais estocados em uma
mesma lagoa, para que os índices químicos não se alterem rapidamente, se
a criação possuir um controle de temperatura, e interessante manter a
água entre 19 e 20º C
Quando a temperatura ultrapassa os 20º
C, a doença desaparece, com temperatura acima dos 25º C os animais
param de vir a óbito. É recomendado como tratamento de suporte, aumentar
a temperatura do lago, caso não seja possível devido ao tamanho do
lago, deve-se então, colocar o (s) animal (s) em um compartimento
(aquário ou caixa d água), com a mesma água do lago, que possa manter o
controle da temperatura. Após a cura do animal o mesmo não deve ser
introduzido em ambiente sem controle de temperatura. (Untergasser)
CONCLUSÃO
Contudo concluimos que a Viremia
Primaveril da Carpa (VPC) é uma patologia de extrema importancia
economica,social e sanitaria.Pois a propagação viral ocorre de maneira
rapida e descontrolada, por se tratar de virus muito nocivo e quase
sempre letal.
A contaminação occore em lagos,lagoas e
aquarios tambem, levando em consideração que todos os animais presentes
terão contato com o virus e diversos deles seram portadores e vetores
tambem.
A conclusão final de patologia, muitas
vezes é distinta,pois o animal apresenta sempre sinais não faceis de
serem analisados por individuos que não conheçam o animal.Isto ainda
torna indispensavel um Medico Veterinario presente em criadouros,ate o
consumidor final.
A profilaxia do virus pode ser feita
atraves de cuidados com o pH e bom manejo nos locais, e tambem impedir
vetores como : o piolho d água (Argulus sp.) e Sanguessuga (Piscicola
Sp.), nos locais ou regiõs proximas.O virus nos demonstra muito
resistente por ate semanas em lagoas,lagos e rios e que ainda indica
cuidado dobrado para estes.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
GREGOLIN, A. REVISTA CFMV, ENTREVISTA ADEMIR GREGOLIN MINISTRO DA PESCA E AQUICULTURA, ANO 15/2009 NÚMERO 48 – SETEMBRO/OUTUBRO/NOVEMBRO/DEZEMBRO, PAGS 5-8.
MABILIA, R, G, SANIDADE DE PEIXES ORNAMENTAIS, palestra apresentada na Importadora Aquarium Barra Funda em curso BIOSSEGURIDADE NA CRIAÇÃO E COMÉRCIO DE PEIXES ORNAMENTAIS, SÃO PAULO, SP. 2009
OIE. Manual of Diagnostic Tests for Aquatic Animals 2003: SPRING VIRAEMIA OF CARP. Disponível em: . Acesso em: 04 jun. 2010.
YANONG, R. P. E, PEIXES DE AQUÁRIO, apud in ATLAS DE MEDICINA, TERAPEUTICA E PATOLOGIA DE ANIMAIS EXÓTICOS, INTERBOOCK, 2006 – SÃO CAETANO DO SUL - SÃO PAULO, PAGS. 81-111
Matéria postada por:
Med. Vet. Thiago André Vilela da Cruz
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